As energias andam em grupo ou tribos!
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A Batalha das Termópilas foi travada no contexto da Segunda Guerra Médica entre uma aliança de pólis gregas liderados pelo Rei Leônidas de Esparta e o Império persa de Xerxes I. A batalha durou três dias e desenrolou-se no desfiladeiro das Termópilas (‘Portões Quentes’) em agosto ou setembro de 480 a.C. … Mas o que tudo isto tem a ver com os oráculos ou o tarot?

De acordo com os historiadores, como Heródoto, o rei e general Leônidas foi até ao Oráculo de Delfos perguntar sobre a possibilidade do exército espartano, de apenas 300 homens alegadamente, enfrentar sozinho sete mil persas no desfiladeiro das Termópilas. A pitonisa psicografou o seguinte: “Vais Vencerás Não Morrerás lá”. E o general Leônidas, então, foi para a guerra e morreu junto com seus 300 espartanos. Diz a lenda, que o filho, também ele Leônidas, depois se dirigiu a Delfos a cobrar a sentença e adivinhação errada. Quando a pitonisa lhe mostrou o pergaminho com a frase psicografada ele leu: “Vais. Vencerás? Não. Morrerás lá”.

Esta pequena introdução com história, mito e drama serve de mote para abordar um assunto que eu acho deveras importante e que se prende com a adivinhação e o uso de técnicas oraculares como o Tarot.

300_1570638aO principal erro de Leônidas foi transferir a responsabilidade do seu destino para o oráculo, contrariando, assim, a célebre máxima: “Conhece-te a ti mesmo”. Infelizmente, a maioria das pessoas que frequentam médiuns e cartomantes tem a mesma atitude do general espartano, pois, ao invés de um esforço sincero para se conhecerem melhor e tomarem as suas decisões enveredando por caminhos próprios, elas querem saber de antemão o que vai acontecer e no fundo carregar consigo um copianço para a vida delas.

A verdade, entretanto, é que não existem destinos fatais ou características pré-determinadas. Tanto na antiga arte divinatória como nas actuais ciências sociais, não são nem o ‘Destino’ nem o contexto social que determinam a consciência, mas o desenvolvimento moral, psicológico e energético da consciência que liberta os homens de seu destino provável resultante do condicionamento social.
E, quanto mais o ser humano estiver consciente de si, a menos influências involuntárias estará submetido. Esta era a intenção original da adivinhação: que os indivíduos percebessem a acção destas influências do inconsciente sobre si e alterassem o rumo das suas vidas através da sua liberdade e livre-arbítrio.

Para tomar as suas decisões mais importantes, os antigos chineses consultavam as rachadelas de um casco de tartaruga, exposto ritualmente a um ferro em brasa; os etruscos obedeciam aos deuses através do estudo dos relâmpagos; os caldeus reconheciam o universo nas vísceras de animais mortos. As técnicas e métodos primitivos de leitura do inconsciente estão sempre ligados a duas ideias fundamentais: a ideia de correspondência universal, segundo a qual se pode conhecer o todo através de sua imagem num fragmento ou parte; e a ideia de quebra da linearidade do tempo, da transcendência da duração contínua entre passado, presente e futuro – geralmente provocada pelo transe ou pela alteração do estado de consciência do adivinho, pitonisa ou oráculo. Os jogos de adivinhação são as associações e correspondências a que o homem chegou através da experiência da sincronicidade – a percepção da simultaneidade absoluta de todos os eventos. Com o tempo, a codificação dos sinais decifrados em transe estruturou o que chamamos de Linguagens Simbólicas do Inconsciente.
Porém, com a progressiva dessacralização das culturas ancestrais – iniciada por volta de 1.500 a.C., com  o aparecimento da vida sedentária nas primeiras cidades e da Escrita de codificação gráfico-fonética; sedimentada pelo pensamento filosófico desencadeado por Sócrates e Platão; e, concluída pela industrialização generalizada de todos os objetos e pelo desenvolvimento do pensamento científico – a antiga arte divinatória e suas linguagens simbólicas foram destronadas pela filosofia da objetividade e relegadas à condição de superstição e de crendice. Nas sociedades tradicionais, sem subjetividade individual nem objetividade uniforme, as artes divinatórias representavam a síntese hermenêutica (interpretação da lei divina) do conhecimento humano; na modernidade, elas foram rebaixadas pelo pensamento científico a uma mistura vulgar de sugestão hipnótica com “sub-psicanálise”, as diversas ‘mancias’:  a cartomancia, a geomancia, a quiromancia.

“Vencer e voltar vivo” – era o desejo oculto no inconsciente do general espartano. Derrotar o exército persa com apenas 300 homens faria de Leônidas um herói nacional e daria a Esparta a hegemonia sobre toda Grécia. E este foi o segundo erro do rei espartano: movido pela vaidade e pela ambição política, Leônidas acreditou que seu desejo estava refletido pelo oráculo e que era a verdade.

“Qual é o perfil da sua felicidade?”- é a pergunta que o oráculo, médium ou cartomante respeitoso silenciosamente formula a cada inconsciente. Ele não reforça nem frustra os desejos das pessoas que procuram o oráculo, ele apenas faz com estas pessoas tomem consciência de como seus desejos estão estruturados no presente analisando o AGORA e a conjuntura lógica para o desenrolar do mesmo. Durante o processo de adivinhação, o consulente projeta os seus conteúdos psíquicos dentro de uma determinada configuração, que representa a sua situação existencial. O futuro é uma das possibilidades de desenvolvimento do presente. E a opção consciente por uma possibilidade determinada já significa uma transformação das condições do destino, porque altera substancialmente a situação imediata.
Por isso, a leitura do inconsciente não deve nunca se limitar à simples constatação da situação existencial do consulente, mas sim permitir uma reorganização psicológica de todos os elementos discursivos apresentados, deve promover uma transformação na situação em foco. E para garantir essa intenção, deve-se sempre dividir o processo divinatório em duas etapas distintas, permitindo assim um autoconhecimento dinâmico, uma reflexão simbólica sobre a vida.

  1. O hermeneuta deve prender-se à causalidade e buscar o mesmo rigor lógico e objectivo que um cientista na ‘verificação de uma hipótese’, observando a inter-relação da multiplicidade das condições e dos factores determinantes de uma determinada situação existencial.
  2. Deve-se então procurar ater-se às possibilidades, às alternativas, às hipóteses paralelas, procurando colocar-se do ponto de vista da sincronicidade, onde a coincidência dos factores aponta sempre para uma transformação.

 

cardsglow380Com isto, os jogos de oráculo, sejam eles por tarot ou não, além de propiciarem um “diagnóstico”, também reprogramam o inconsciente, ajudando o consulente a modificar a situação em que se encontra. A adivinhação oracular não é apenas a arte de decifrar problemas, mas também, e sobretudo, a arte de descobrir alternativas: ajudar a escolher um futuro melhor dentre os diversos possíveis – eis o que deveria ser o papel legítimo dos oráculos, cartomantes, médiuns e demais terapeutas energéticos.

E este foi o terceiro erro do general espartano: após delegar a responsabilidade das suas decisões ao oráculo e de se identificar acriticamente com os seus desejos mais secretos, Leônidas não se preocupou em discutir alternativas. Entregou-se inconscientemente ao seu destino fatalmente determinado por si mesmo.

Para não repetir os mesmos erros do general espartano, portanto, deve-se tomar algumas precauções em processos de leitura do inconsciente e no uso de Linguagens Simbólicas como o Tarot, a numerologia, a astrologia ou qualquer outro método oracular:

  1. Ao contrário da cartomancia dos filmes e das burlas milionárias, onde o consulente pergunta e o oráculo responde, o decifrado deve colaborar com o decifrador, expondo de antemão o motivo da leitura e todos os problemas da situação a ser estudada. Deve ficar bem explícito para ambos que a leitura do inconsciente é uma responsabilidade dos dois e que visa uma análise do AGORA;
  2. Não se deixar enganar pelas próprias ilusões. O desejo de manter um marido sob rédea curta é muito diferente do destino kármico de ter de aprender a lidar com um marido que o não é, o desejo de casar com uma linda mulher é diferente do destino kármico de casar com uma linda mulher, e se os consulentes não estiverem preparados para distinguir esta subtil diferença, serão presas da própria ilusão;
  3. Deve sempre estar-se aberto para novas alternativas e novas perspectivas de análise do AGORA. Na verdade, o objectivo da leitura de tarot ou qualquer outro método oracular deve ser a busca de alternativas ao destino. Quem não quer mudanças pessoais não deve procurar processos oraculares, pois à partida já se entrega como vítima das forças do inconsciente e alvo fácil de burlas ou exploradores mal intencionados das artes oraculares. Daí a necessidade de uma análise compreensiva das possibilidades de mudança.

 

A consulta oracular ou de Tarot é um diálogo franco sobre o poder do agora com bases sobre a conjuntura actual demonstrada pela técnica usada. Nunca deverá ser uma leitura sobre o futuro, uma adivinhação em monólogo que serve para que o consulente tenha um copianço para passar o teste da vida… que vai fazer este quando karmicamente a vida lhe impuser o mesmíssimo problema com outras variantes para testar a aprendizagem?!

Não é à toa que decidi baptizar o meu uso de técnicas oraculares com outros nomes, como a Consulta de Tarot de Diagnóstico, pois considero que a utilização responsável destas técnicas deveria ser forçada e reforçada de forma a proteger-se não só o bom nome das mesmas mas também a segurança, satisfação e evolução do consulente.Já recusei consultas a alguns consulentes por considerar serem vítimas de falhas graves ao jeito do rei Leônidas e até por achar estarem a sofrer de um novo tipo de dependência que lhes toldará a vida e a sua própria evolução mais do que deixá-los presas fáceis para habilidosos da burla. Continuarei a fazê-lo!
[error]Saiba mais sobre as Consultas de Tarot de Diagnóstico e não se esqueça que preferencialmente deverá primeiro fazer uma Consulta de Guia Kármico. [/error]

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