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Em ambiente de consulta assisto muitas vezes a pacientes que me perguntam (ou se perguntam) sobre o que poderiam fazer para se afastarem de pensamentos negativos e tóxicos que tantas vezes os levam a ter acções nefastas.

Correndo o risco de soar estranho ou esquisito começo muitas vezes por avisar que antes de mais temos de perceber se os pensamentos são realmente nossos ou não.

De uma forma geral, toda esta noção de que os pensamentos que estão dentro da nossa cabeça possam não ser nossos é estranha para muita gente, assustadora até. Na mente de alguns estamos a entrar em terrenos pantanosos e coisas de gente doida.

Da minha experiência, poucos dos pensamentos realmente negativos são de facto nossos. Afirmo-o!

Claro que estando dentro do nosso processo de pensamento eles aparentam ser nossos… se os estamos a pensar então porque não seriam nossos, certo? Errado!
Acha mesmo que esses pensamentos negativos, destrutivos, desmotivantes são seus? Não sente lá no fundo que, logicamente, não são seus, que não os sente seus, abanando a cabeça e tentando em descrença removê-los de dentro da mesma tão depressa quanto possível. «Mas como pude eu pensar esta aberração?!», pergunta-se, «se eu não sou assim nem me sinto assim.»

Portanto se os pensamentos não nos soam nossos, temos realmente de ponderar: afinal porque temos estes pensamentos e de onde eles vêm?

As nossas ‘Mentes Brilhantes’

09-eremitaOs pensamentos podem ser poderosos, belos e úteis por vezes, porém podem ainda ser perigosos, destrutivos e horrendos também. Por vezes parece que estamos a andar numa corda bamba navegando conscientemente pela complexidade do nosso pensamento, quase como se pisássemos em campos minados.

A mente é a mais poderosa das ferramentas que possuímos enquanto habitantes desta dimensão material e usamos o seu poder para inspirar, intuir e criar. Este é um dos maravilhosamente divinos aspectos da nossa mente quando ela funciona a nosso favor, mas o problema nasce quando a mente se torna crítica e analítica direccionando a atenção para o medo, que de certa forma é o que nos salva  por identificar perigos eminentes REAIS, mas também o que nos provoca medos ilusórios e traumatizantes.

Distinguir o medo falso do verdadeiro pode tornar-se algo complexo e desafiante, em especial porque um pensamento de medo que não é nosso pode causar um efeito nefasto ao nosso corpo que antes não padecia desse problema.
Nestas alturas devemos realmente sintonizar o nosso Eu e procurar a nossa luz interior para perceber o que está ali no meio da escuridão do pensamento. Muito à semelhança do arcano de tarot Eremita, que nos alerta para esta busca pela luz interior protectora do Eu. Sintonizar profundamente connosco trará a orientação para podermos aceder à situação com realismo ajudando a perceber se estes pensamentos são ou não nossos.

«Noventa e nove por cento dos teus pensamentos são inúteis. Pouco mais fazem que assustar-te!»

Michael Singer

Mas então de quem são?

Somos bombardeados por milhares de pensamentos negativos e tóxicos a cada dia que passa. Quando digo ‘negativos’ refiro-me a todos os pensamentos que não são produtivos, que não criam nem apoiam. São pensamentos destrutivos, de uma forma ou de outra, seja sobre nós ou sobre os outros.

Estes pensamentos podem ser muito poderosos, de tal forma que podem fazer-nos tomar atitudes tão negativas como eles são. O esforço que fazemos para os combater, tentando criar uma moldura positiva onde estes assentem ou tentando remover por completo da nossa mente, é por vezes um esforço desgastante tanto mental como energeticamente.Se não conseguimos parar o comboio avassalador de pensamentos que nos drenam eles são capazes de chegar ao ponto de nos atirar ao fundo do poço, por vezes de forma tão intensa que ficamos vulneráveis ao medo e ao ódio a nós mesmos.

Então se estes pensamentos não nos servem e pelo contrário nos atropelam na direcção de experiências e marcas negativas então porque somos bombardeados por eles? Por que raio não somos antes bombardeados por pensamentos positivos? O que se passa aqui? Porque há tanta consistência na negatividade dentro das nossas mentes em vez de abundarem os pensamentos inspiradores e encorajadores?

«Cada vez que pensamos que estamos a pensar, estamos na realidade a ouvir.»

Terrence McKenna

Já notou que quando estamos sentados sem nada para fazer, sem estar realmente com o foco centrado em algo particular, ou mesmo tentando não pensar, os pensamentos continuam a aflorar constantemente à sua mente?

Um pensamento negativo pode bem seguir-se a outro e quando notamos temos uma torrente negativa fora do controlo. Por vezes coisas que roçam a psicose reinam a nossa mente e não conseguimos evitar a sua chegada, ficando sempre com um amargo de boca ao pensar porque semelhante pensamento infernal está na nossa cabeça. Isto acontece não porque algo aconteceu ou porque alguém precisa de nós, mas sim porque as palavras brincam na nossa mente como se estivéssemos a ouvir uma interferência de um fluxo de consciência que não é o nosso.

Os pensamentos criam uma realidade na nossa cabeça que não é propriamente a NOSSA realidade. Mas quem, ou o quê, beneficiaria com a criação de tal bomba de negatividade que nos impede de ligar ao que realmente somos?

O Mundo dos Pensamentos

À nossa volta e em todo o lado há uma miríade de fluxos energéticos num espectro vasto que sem complicar muito podemos chamar de multi-dimensional. Todos os teus pensamentos são projectados energeticamente para uma espécie de ‘Mundo dos Pensamentos’ onde todos os pensamentos se encontram e eles são energia pura em si mesmos. Tal como nós, todas as entidades materiais (seres humanos, animais e vegetais), elementais ou dimensionais fazem o mesmo processo de criação de fluxo pelo pensamento.

Este mundo dos pensamentos é uma espécie de matriz de polaridade/dualidade onde a energia cria tudo o que inevitavelmente se manifesta, de uma forma ou de outra. Cooperamos com esta matriz porque não somos apenas seres de carne, tendo em nós mesmos diferentes projecções dimensionais. Uns crêem ser a alma ou espírito, outros dão outros rótulos como Eu Superior, guia espiritual, etc.

Estes fluxos de energia pensante são de acesso livre e constante através da mente e não temos a capacidade de seleccionar o que obtemos da matriz dual estando, uns mais do que outros, apenas capazes de filtrar o que nos é útil.

Na realidade é este denso e pesado pessimismo de acesso livre que nos mantém no jogo que escolhemos jogar: a Vida!

«Viver é Sofrer!»

Schopenhauer

Das quatro nobres verdades de Buda duas inspiraram pensadores e filósofos ao longo dos tempos, tal como Nietzsche e Schopenhauer, ilustrando porque esta negatividade nos mantém.

  1. o sofrimento: a vida está invariavelmente sujeita a todo tipo de sofrimento
  2. a causa do sofrimento: a ignorância dos homens levam a desejar aquilo que lhes causa dor: os apegos, a cobiça, as posses, etc.

A negatividade, o medo, a culpa, a vergonha e o ciúme criam o trauma e o drama necessário para um sofrimento que nos permite experimentar esta dimensão material de forma intensa.

Algumas crenças e teologias advogam que somos os responsáveis pelos nossos pensamentos e por isso devemos acreditar neles e lidar com eles. Porém, acreditar que TODOS aqueles pensamentos esparsos, errados, destrutivos e perversos são da nossa autoria e ser obrigado a sentirmo-nos responsáveis por eles vai aumentar exponencialmente o sofrimento pela criação de sentimentos de culpa e auto-sabotagem.

E se até agora estava um tema complexo, podemos confundir ainda mais quando nos lembrarmos que muitos dos pensamentos que ‘ouvimos’ na nossa mente são de facto nossos e provavelmente de outros tempos, outras existências, outras vidas… porque só o mundo material da terceira dimensão se rege pelas leis do tempo e do espaço.

Se está a ler este texto e de alguma forma sentia culpa, tristeza e vergonha por alguns dos seus pensamentos… por favor pare de fazer isso a si mesmo! Aprenda a meditar, aprenda a aceder aos SEUS pensamentos e a organizar a SUA mente.

Saiba que não está louco nem com problemas psicóticos… está vivo!

Pare de se punir… e viva, porque Buda dir-lhe-ia que viver é sofrer, só temos que aprender a sofrer com ‘qualidade’ e aprender com isso.

Como fazer a triagem dos pensamentos?

  • Optimize o fluxo de pensamentos pela meditação. Use as técnicas que já conhece ou experimente visualizar-se em frente a um rio com imensos peixes, e cada peixe é um pensamento; lentamente pare o movimento rápido e confuso e pratique o destacamento de tantos peixes seleccionando e detectando quais são os seus peixes.
  • Não emocionalize pensamentos antes do tempo. Imaginando os tais peixes, se der emoção sem a ponderar será como morder o isco e perder o controlo. Seja primeiro um observador dos peixes, ouça os seus pensamentos, e quando detectar os seus então tome-os e emocionalize-os à vontade.
  • Passeie a mente e o corpo. Não se deixe estagnar nem vencer pela procrastinação… vá passear, vá ver gente, vá sentir o mundo de uma perspectiva sua.
  • Ouça música, porque a música é das melhores ferramentas para controlar o seu fluxo e teor de pensamentos. Tenha o devido cuidado e ponderação na escolha da temática e do peso subliminar da música que escolhe para si.
  • Entre em modo criativo, faça mais e desenvolva-se. Procure uma actividade que lhe permite fazer algo a partir de coisa nenhuma e sinta-se em si mesmo um criador provando à sua mente o quão errados estão alguns pensamentos que se lhe afloram.
  • Neutralize os pensamentos que lhe fazem sentir mal não perdendo tempo em aceitar ou em criar uma moldura positiva para eles. Lembre-se que o que não lhe faz bem, não lhe faz falta.

Há tanta, tanta coisa a ocorrer dentro de nós, acima de nós e à volta de nós que a maior parte das pessoas passa a sua vida inteira em modo inconsciente e destacado… é incrível como conseguem sequer andar e respirar. Dê a si mesmo uma palmadinha nas costas por sentir que respira e sentir mais além porque o que fez com que conseguisse ler todo este artigo confuso é bem real.

É altura de virar o jogo, sabendo das regras. Sempre que ouvir pensamentos que não são seus sorria-lhes e devolva-os mais positivos à procedência. Lembre-se que viver conscientemente não é viver sem sofrimento, é saber viver esse sofrimento.

Não espere que passe a tempestade…

aprenda a dançar à chuva!

Neste tema não perca o meu vídeo abaixo que explora ainda mais o poder do pensamento!

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