Tenho de estar bem e ser positivo sempre!
Que muitas vezes quer dizer: tenho terror da negatividade.
Esta crença é bastante popular entre todos os pensadores da positividade nas comunidades espirituais. Claro que não há nada de errado com ‘pensar positivamente’, pelo contrário. Todavia, usar o poder do pensamento para abrilhantar as emoções negativas e densas é um dos maiores bloqueios ao crescimento espiritual.
Tudo isto porque a nossa energia primordial deseja encontrar um equilíbrio e isto exige uma reconexão com todos os aspectos fragmentados do nosso ser (medos, crenças, traumas, opressões e obsessão mental). Dissociamo-nos delas ao esconder a sua existência e isso torna-nos meras máscaras, ficamos como aquelas imagens insípidas de Facebook com algo que nem sabemos de onde vem mas que diz Namastê.
Suprimir emoções negativas ou densas continuamente tem o mesmo efeito que tomar antidepressivos: auxilia e permite uma pausa forçosa criando a sensação que esses pensamentos são inimigos invasores, porém não as equilibra, não as trata e nem as acalma. A verdade é que cada uma destas emoções dolorosas e pesadas que aparecem na nossa vida são como crianças em desespero e quando as suprimimos é como fechar essa criança, propositadamente, num quarto escuro para que reviva o trauma e o intensifique sozinha e escondida atrás das portas fechadas enquanto olhamos na direcção oposta… Por outras palavras é sabotagem e maus tratos a nós mesmos!
John Green dizia que “uma coisa curiosa da dor é que ela exige ser sentida” e não podia estar mais próximo da realidade. Ser completamente honesto emocionalmente connosco demonstra um nível de bravura e coragem desmedido, representando colocarmo-nos no centro da nossa própria tempestade emocional da qual temos tendência a fugir e mascarar. Todavia, uma vez que nos permitamos sentir e libertar o que está armazenado nas profundezas do nosso Eu estamos basicamente a permitir que o cérebro e o corpo saibam que é seguro sentir, que não mais temos medo de enfrentar os nossos demónios interiores que nos traumatizam e que o caminho em frente só pode ser evolutivo.
Pode ajudar termos ao nosso lado um bom amigo, um bom terapeuta ou até um animal de estimação a segurar o forte enquanto libertamos a torrente de emoções internas, porque é essencial que nos sintamos seguros nesta viagem atribulada. Descobrirá que uma vez que tenha enfrentado e sentido intensamente as suas cargas emocionais que estavam atravancadas no nosso corpo e cérebro, a leveza do ser será a experiência seguinte. Liberdade emocional é uma necessidade e só com esta honestidade os passos são passíveis de serem dados… bem melhor que dispender todas as energias a evitar suprimir a tempestade!
Sou espiritual, e por isso cresço espiritualmente!
Que muitas vezes quer dizer: Estou verdadeiramente confuso e por isso vou repetir interminavelmente «amor e luz».
Muitos indivíduos que ingressam num caminho mais espiritualizado acreditam que o comportamento espiritual é tudo o que é necessário para percorrer um caminho dito espiritual. Dizer palavras fofas, seguir princípios de gurus e imitar os mestres do passado parece ser a forma correcta de se ser um iluminado. Porém… saibam que as pessoas mais feridas emocionalmente e em negação do Eu são aquelas que mais frequentemente possuem uma ética espiritual e um comportamento espiritualizante. Digo-o porque em tempos fui um deles e o observo no dia-a-dia a cada terapia, a cada curso, a cada consulta.
Os pretensos espirituais caem com imensa facilidade na armadilha de utilizar os conceitos espirituais para impor em si uma espécie de imunidade às emoções e à dualidade. Isto irá inevitavelmente derrotar todo o propósito verdadeiro da nossa alma encarnada: aprender com as emoções e as experiências, sentir a dualidade e a mudança… ninguém vive de textos bonitos e de teoria!
John Welwood baptizou este processo de saltar a experiência e a emoção directamente para o espírito de Bypass Espiritual. O autêntico esforço em evitar os vários aspectos terrenos da realidade como os desafios práticos, as memórias incómodas e as emoções reprimidas. Todo um bypass que provoca um destacamento radical da realidade e das identificações pessoais, um perdão generalizado e prematuro e pensamentos fantasiosos.
Existe um propósito e uma lição por detrás de cada emoção e cada sentimento, a fuga por bypass é apenas uma máscara e uma inabilidade em aprender.
Eu digo a mim próprio o caminho que devo seguir!
Que muitas vezes que dizer: Prefiro seguir o que me disseram que é seguro do que a minha intuição.
Alguma vez notou que estava a fazer grandes discursos e declarações sobre algo que seria excelente (ou mau) para si? Seja quando fala de emprego, de uma mudança, de uma ideia… Reparou que parece que está a tentar convencer-se por convicção e racionalização mental, mais do que a confiar na sua intuição?
Quando fazemos isto estamos mais propensos a seguir caminhos que não se alinham com o nosso Eu Interior. Claro que isto não é um problema de maior já que seguir algo que se não alinha connosco irá inevitavelmente ensinar-nos que devemos confiar mais na nossa intuição e ser mais honesto com o que sentimos em vez de racionalizar o percurso e cada passo – uma lição que aprenderemos uma vez que a ilusão racional desmorone.
Muitas vezes convenci-me de coisas que me fariam ‘bem’ sobre uma decisão ou situação apesar de possuir uma incómoda suspeita que algo não estava certo. em todas essas vezes, aprendi um pouco mais a deixar de racionalizar. Faço o que posso por ouvir atentamente os meus sinais, a minha intuição, em vez de me perder nos labirintos de uma racionalização que me educaram a ter. Conseguimos a nossa intuição de volta no dia em que pararmos o ‘blá-blá’ racional dentro da nossa mente.
Eu ofereço orientação e conselho espiritual…
Mas muitas vezes se me provocarem vou acusar, julgar e atacar.
Cada vez mais as pessoas que ingressam na moda espiritual têm de desmontar dos seus unicórnios espirituais e ponderar utilizar cavalos de verdade.
Podemos parecer sábios e majestosos quando pregamos o que aprendemos naquele website new age espectacular, mas viver um «olha para aquilo que eu te digo e não para aquilo que eu faço» é seguramente uma das maiores mentiras que nos contamos a nós e que contamos aos outros. Será isto evoluir, ou pelo contrário?
Não devemos usar as nossas epifanias e orientações como medalhas ao peito. Devemos abraça-las, vive-las, senti-las! A quem estamos a tentar mentir quando pregamos o que não fazemos?
Somos todos humanos, somos todos vulneráveis, porém é esta vulnerabilidade que nos permite uma verdadeira expansão e que nos conecta uns aos outros. Imaginem o quão apaixonante e amistoso seria o mundo se não perdêssemos tempo a esconder e suprimir o que realmente somos, se não sucumbíssemos à culpa de não aprender com as nossas experiências.
Ser transparente é aparentemente assustador, mas fará com que as pessoas certas nos amem pelo que somos realmente, por sermos reais. São sempre as pessoas erradas que nos amam pela imagem que temos!
Uso as perspectivas espirituais para ultrapassar as emoções.
Que também pode querer dizer: Quero chegar ao destino rápido e sem dor porque não gosto da viagem.
Isto é algo que deixei de fazer há bastantes anos. Gosto de afirmar que tudo acontece por alguma razão e que a lógica das coisas será inevitavelmente compreendida com o tempo, porém isso não é necessariamente igual a dizer que todas as almas são naturalmente boas e que não devemos sentir raiva ou desilusão de quem nos atraiçoa.
Este é, para mim, um dos maiores problemas da comunidade espiritual dos dias de hoje: a crença que devemos evitar e ignorar as emoções fortes… A crença que a raiva, o medo e a mágoa não fazem parte do nosso processo espiritual.
É um facto que nos encaminhamos para um revolução de consciências e podemos já sentir a beleza desta mudança no ar, porém cada uma das emoções que nos aparecem ao longo do caminho de mudança são os degraus da nossa escadaria vivencial, cada um contendo uma lição importante que nos levará cada vez mais próximos deste destino revolucionário.
A raiva, ou outras emoções aparentemente negativas, é como o rio que pretende desaguar no mar. Quer mover-se naturalmente e quando reprimida com perdão prematuro ou bloqueada com falsa positividade em nome de uma pseudo-paz é como se estivéssemos a criar uma barragem à sua volta. O rio então vira-se para dentro, contido contra si mesmo e em crise irá rebentar para as margens atingindo inocentes. Melhor seria que corresse e fluísse correctamente, não de uma forma destrutiva, mas de forma autêntica para que restaure a integridade do nosso Eu. Não é a raiva que é o inimigo, é a raiva reprimida que devemos evitar. Deixe o rio fluir…
A verdade é que a raiva, o medo e a mágoa são espantosos catalisadores de mudança e transformação quando abraçados saudavelmente. Por exemplo, a raiva é um excelente motor para limpar a nossa vida de gente tóxica e situações opressoras e não precisa ser de forma vingativa e destrutiva… é um fogo que te permite mudar até que já não precises dele mudando para uma vibração mais alta.
Consigo falar sobre crescimento espiritual o dia todo.
Ainda assim, evitando usar a minha vida como professora.
Se compararmos o crescimento espiritual com as mecânicas de um jogo de computador, isto é o mesmo que ler uma série de guias de estratégia para o jogo, mas nunca ter o dito jogo sequer instalado no computador. O verdadeiro propósito acontece apenas quando jogamos activamente: subir de nível e progredir.
Muitas pessoas ‘espirituais’ percebem os mecanismos do crescimento espiritual de trás para a frente, sabem que criam a sua própria realidade e que a vida é literalmente o espelhamento dos seus pensamentos e emoções. Por isso, é um pouco irónico que o saibam e o não usem, ignorando as suas próprias teorias.
A vida é suposto ser vivida, os sentimentos são supostos serem sentidos, os desafios é suposto serem enfrentados e ultrapassados. Todas as experiências – internas e externas – que passamos são como as missões de um jogo de computador onde só recebemos a recompensa depois de as passar, a não ser que façamos batota e nesse caso mais cedo ou mais tarde o jogo vai perder o interesse e ser difícil de aguentar.
Sou tão espiritual!
Que me esqueço de tratar os outros como gostaria de ser tratado.
Conhecemos tão bem esta realidade no nosso dia-a-dia cultural ocidental. Aquelas senhorinhas de ‘bem’ que vivem metade do seu dia na sacristia da paróquia, e que no entanto a outra metade é passada a criticar os vizinhos, a fazer tricas e ditos e a expressar julgamentos de valor baseados em falso pudismo.
Não interessa quantos livros já leste de auto-ajuda se não sabes o que ‘auto’ significa.
Quando guardamos as nossas emoções numa adega recôndita do nosso ser estamos a perder todo o propósito de consciencializar e operamos apenas através do medo de mostrar o que somos, de viver o que temos, de sentir o que pensamos… somos uma espécie de palhaços na vida dos outros vestimos toda uma roupagem e uma máscara para esconder o que nos vai na alma… porém falhamos em perceber que um dia a pintura derrete e borrata e que estamos só a ser espiritualmente ridículos!