É frequente entre amigos ou em ambiente de consulta eu ser inquirido sobre o que me trouxe à posição que ocupo hoje. Por mais que seja romântico dizer que foi todo um sentido de missão, há uma coisa que aprendi a ser para preservar a minha sanidade mental e combater a construção de karma indesejável: sincero. É habitual explicar que aquilo que me trouxe ao mundo do esoterismo e das terapias alternativas foi a busca incessante de respostas sobre o que eu ‘tinha’ e como utilizar.
Dom ou maldição, tem os seus momentos, mas a única coisa que é certa é que desde que me conheço que com maior ou menor facilidade vejo as auras de toda a gente e com um acréscimo de concentração posso discernir com alguma facilidade as energias que acompanham o campo presencial energético de cada ser.
Uma das perguntas que ouço de imediato é ‘E de que cor é a minha aura?’ ou ‘E a minha aura é bonita?‘. Aliás aconteceu este exacto percurso de conversa quando fui entrevistado pela Júlia Pinheiro naquela entrevista de tema obrigatório, onde o que podia dizer estava limitado ao guião. (veja a entrevista aqui)
Podia escrever imenso sobre este assunto mas quero hoje debruçar-me exclusivamente sobre algo que me incomoda de sobremaneira: o charlatanismo.
Isto leva-me à pergunta em epígrafe, é ou não possível fotografar a aura?
Preocupou-me sempre o facto de, anos depois de utilizar a todo o momento a minha leitura constante da aura de quem me rodeia, ter visto umas pretensas fotografias da aura que em nada correspondiam ao que eu vejo, sinto, ouço e cheiro da aura de cada um.
Investiguei, testei, li aproximações místicas, li relatórios técnicos de engenharia, submeti-me como cobaia e cheguei a uma conclusão inabalável: são farsas!
Considero minha obrigação avisar todos da charlatanisse que estas pretensas fotografias da aura representam. Como sempre disse, se há charlatanisse, denunciem!
Em quase todos os festivais alternativos, feiras e feirinhas medievais e exposições pseudo-místicas podemos encontrar os ‘comerciantes‘ das fotografias da aura. O negócio não se fica pelo valor empolado de cada fotografia, justificado pelo preço caro do ‘filme‘ utilizado, a venda das máquinas fotográficas gera filões com uma aura dourada e empréstimos de aura bem negra.
Infelizmente a maioria das tão afamadas câmaras de aura ou aura-câmeras (para não dizer todas) usam um truque fotográfico conhecido como direct-photo-montage para criar a ilusão de uma aura. Estas máquinas fotográficas possuem pequenas fontes de luz dentro das suas entranhas mecânicas que iluminam o rolo fotográfico, o filme ou a tela de polaroid directamente no momento da fotografia. Estas luzes internas são controladas por um muito simples cálculo da resistência da pele (habitualmente a mão, que nos é pedido que seja posta sobre um leitor magnético e de resistência. Não vou negar que a resistência da pele está de certo modo ligada ao nosso estado emocional até porque os detectores de mentiras funcionam à mais de 60 anos baseados nestas premissas… mas não tem rigorosamente NADA a ver com uma aura e a sua vibração e movimento. Qualquer câmara mostrando este género de resultado fotográfico é uma FARSA!
Se quiserem comprovar o que digo façam um teste: ponham a mãozinha no local pretendido, ou coloquem os elétrodos indicados (tudo depende do show-off da barraquinha), certifiquem-se que a câmara vai fotografar contra um ecrã negro (porque o que não for negro ela não vai colorir… por exemplo a pessoa que lá aparece) e depois simplesmente não se coloquem em frente à câmara fotográfica… Espantem-se e a máquina milagrosa de leitura de auras vai produzir uma aura à volta de nada, e vai fazê-lo SEMPRE! Mas não é suposto a aura estar à volta do nosso corpo físico? Pois!
Para agravar todo este embuste a maioria das empresas que vendem ou usam esta máquina, ou dos pretensos analistas destas auras chamam-lhe ‘kirlian’ ou ‘técnica kirliana’, apesar do facto de que estas fotografias não têm qualquer similaridade leve com o Efeito de Kirlian.
A verdadeira aura está em constante movimento e reacção, muito à semelhança de uma chama ou reacção de ar quente e NUNCA tem uma aparência suave ou regular. Cada pessoa tem um padrão distinto, acrescido do padrão do género, das reacções chakricas, das marcas áuricas físicas, da intensidade do corpo energético, da saúde do corpo psicológico entre outras nuances que lhe atribuem características bem mais importantes do que a cor da aura. Características como as flutuações, o movimento, o cheiro, o som vibracional e a intensidade trazem à aura algo bem mais complexo que uma bela míriade de cores causada pelo queimar de rolo fotográfico de acordo com a resistência electro-magnética da pele da nossa mão.
Tal como eu, todos podemos ver, sentir, ouvir e cheirar as auras… só que na maioria dos casos exige ensinamento, treino e a utilização de uma série de técnicas mais ou menos complexas. Infelizmente a população ocidental rende-se facilmente aos casos pseudo-científicos e às tecnologias ‘namastê’ que vêm comprovar o lado metafísico e ocultado sem sequer tentarem perceber os princípios dessa mesma tecnologia.
Presentemente, a única técnica à face da Terra que eu respeito como capaz de registar pequenos fragmentos da vibração áurica (digo pequenos porque não passa da análise da primeira camada áurica de cariz físico e reactivo) é a tecnologia que produz o Efeito de Kirlian. O fenómeno de que sobre determinadas condições o nosso corpo reluz foi primeiro estudado e explicado por Nikola Tesla no final do século XIX, mais tarde explorado pelo eletricista Semyon Kirlian que acidentalmente, em 1939, descobriu que se um objecto fosse fotografado enquanto ligado a uma determinada voltagem a fotografia possuiria um halo que iluminava e traduzia o tipo de ‘vida’ existente no mesmo.
Com a VERDADEIRA tecnologia do Efeito de Kirlian pode-se realmente ver partes do nosso corpo (dedos por exemplo) brilharem e reluzirem em frente dos nossos olhos. Depois é só escolher a melhor técnica de registar esse momento fotograficamente, em vídeo ou na memória. Relembro no entanto que NENHUMA técnica do Efeito de Kirlian mostra a cor da aura e até aos dias de hoje não é possível fazer este género de registo a mais do que um dedo ou uma mão (in extremis a um membro inteiro) devido aos perigos da alta voltagem necessária para ‘excitar’ e provocar o estímulo de reacção.